(Esta crônica não é recente. Ela foi escrita há alguns anos, quando o presidente de um certo país declarou guerra a um antigo inimigo. Qualquer coincidência é a mais pura verdade. Alguém se lembra?)
Na sala de reuniões do Conselho de Segurança, tem a palavra o Grande General:
– Definitivamente, senhores, estão esgotadas todas as possibilidades de negociação.
A audiência está em silêncio. Ele prossegue:
– O inimigo não tem apresentado propostas confiáveis de manutenção da paz; nosso país está apreensivo.
Todos concordam.
– Está na hora de planejar um ataque: se a paz e a fraternidade entre os povos não são obtidas por bem, que seja então por mal.
O discurso continua, diante do olhar de aprovação de todos os presentes.
– Será uma operação rápida e limpa. Equipamentos de comunicação por satélite e armas de última geração: o “State of The Art”da guerra. O Senado e os contribuintes estão do nosso lado, todos concordam que o esforço e dinheiro empregados na missão estão plenamente justificados. Nosso ataque ao Grande Tirano tem o apoio da Democracia do noso país.
Os ouvintes estão cada vez mais impressionados com a coerência e a competência do Grande General.
– Nossos estrategistas e técnicos asseguram um número mínimo de baixas – mínimo para o nosso lado, é claro.
Todos os presentes manifestam apoio total e irrestrito aos planos do Grande General.
– Se tudo acontecer dentro dos objetivos propostos, e temos uma margem de 90% de segurança de que isso aconteça, as estatísticas asseguram que perderemos apenas um de nossos soldados. Apenas um de nossos rapazes dará a vida para que a paz seja assegurada.
Todos estão satisfeitos com o discurso e confiantes no progresso tecnológico e científico que, com toda a certeza, garantirão a vitória por um preço tão baixo. O Grande General finaliza Sua apresentação.
– É uma pena sacrificar um dos nossos valiosos soldados, mas todos compreenderão que será um pequeno passo para um homem, mas um grande salto para a manutenção de nossa sociedade.
Todos estão entusiasmados. Alguém levanta a mão:
– Senhor, posso fazer uma pergunta?
– Claro, diga.
– E se este soldado fosse o Seu filho?
O Grande General e todos os presentes fazem um Grande Silêncio. Depois de alguns instantes, Ele encerra a reunião:
– Vamos reiniciar as negociações com o inimigo.